Senhoras no poder, período de Avis, familiar de D. Leonor – Margareta da Áustria

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Somos as “Aventureiras da Leitura” da associação Olha-Te. No âmbito da celebração do quinto centenário da morte da rainha D. Leonor passamos a apresentar a vida de Margareta da Áustria, governadora de Flandres e dos Países Baixos de 1480-1530.
Margareta da Áustria

Caro leitor, pode notar que o presente artigo se centra numa personagem pouco conhecida, nada relacionada com o reinado em Portugal. Então porquê referi-la? Nos nossos artigos, temos vindo a descrever as mulheres da linhagem de Avis. Margareta, nascida em Flandres, filha de Maximiliano da Áustria, era trisneta de João I e Filipa, sendo prima contemporânea da nossa D. Leonor.

Podemos caraterizar a vida de Margareta como cheia de dificuldades e desafios que testaram a sua resiliência. Com apenas 2 anos a sua mãe morre e com 3 anos viu-se prometida em casamento ao futuro rei de França, sendo obrigada a viajar para a corte francesa. Com 11 anos, esta promessa foi quebrada, quando o príncipe prometido decide casar com uma princesa inglesa.

Aos 15 anos casa-se com o Juan, sucessor ao trono de Espanha, uma união que durou apenas 5 meses, devido à morte do príncipe. Com este trauma, Margareta sofre um parto prematuro, em que a criança nasce morta.

Ainda na corte de Espanha, conhece o nosso D. Manuel, que era noivo da Infanta Isabel de Espanha. Apesar da viuvez, fica na corte espanhola até aos 18 anos e é nesta corte que aprende o jogo político, com Isabel, a Católica.

Com 21 anos casa-se com Felizberto II, duque de Sabóia. Mas acaba viúva três anos depois.

Cansada de ser um peão no jogo político, decide cortar o cabelo e usar o laico de viúva, para que fosse bem claro que não queria casar mais vez nenhuma. Fica em França até que o seu irmão, Filipe O Belo, morre. Assim, vê-se repentinamente regente de Flandres aos 26 anos.

Escolhe Mechelen como capital de Flandres, por ser esta a cidade mais pacífica na época, onde decide educar os sobrinhos, Eleonora (futura esposa de D. Manuel I), Carlos V (futuro imperador do Sacro-império Romano, esposo da filha de D. Manuel I), Isabel e Maria (que casaram com realeza, mas sem ligações a Portugal).

Margareta era culta, apoiou artistas, escreveu poemas, interessava-se pela culinária, sabia bordar, tocava vários instrumentos e cantava. Financiou grandes obras, como a igreja de São Rombouts, o seu palácio (que hoje é o edifício do tribunal) e o Mosteiro Real de Brou.

Com os seus dotes de diplomata e o apoio da rainha mãe de França, conseguiu a paz entre Coroa francesa e os Habsburgo, conhecido pela “Paz Das Damas”.

Impulsionou a economia local, tornando o reino próspero, pois preocupava-se com o bem estar do povo. Dizia “Deixem o povo dançar”…sabemos que o povo dança quando está bem.

Artistas e intelectuais frequentavam a sua corte, tais como o filósofo Erasmus e Damião de Gois, que na altura era escrivão de D Manuel I e que terá referido a construção do Hospital Termal, em atual Caldas da Rainha.

Havia um intercâmbio comercial e artístico entre os dois reinos, com pintores e músicos flamengos a frequentarem a corte portuguesa.

Apesar da sua mágoa por ter sido peão matrimonial, acabou por também participar na “diplomacia de casamentos”, tendo colaborado nos acordos matrimoniais dos seus sobrinhos.

Aos 47 anos ficou ferida numa perna, que nunca sarou e acaba por morrer aos 50 anos.

 

“Aventureiras da Leitura” da associação Olha-Te

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