JORNAL DAS CALDAS: A vila de Serra D’El-Rei volta este ano a realizar a sua Feira Medieval. É um evento que se pretende perpetuar e transformar numa tradição da vila, independentemente do executivo que estiver em funções?
Jorge Amador: Sim. De acordo com o feedback que fomos obtendo, o sucesso da 1.ª edição da Feira Medieval deixou uma marca positiva na cultura da região oeste. A Junta de Freguesia de Serra D’El-Rei ousou sonhar e concretizar um importante acontecimento relacionado com a história e identidade local através da realização da Feira Medieval, abordando a estadia dos reis na nossa terra e o desenvolvimento da história de amor único de Pedro e Inês.
A 1.ª Feira Medieval foi considerada por todos como um dos melhores eventos de sempre realizados em Serra D’El-Rei, permitindo à autarquia abrir as portas do Paço Real a milhares de pessoas. Esta aposta na valorização da história local tem sido reforçada com a criação do atrativo Museu D. Pedro I que dispõe, atualmente, três exposições alusivas ao tema.
JC: Para os leitores que desconhecem a história de D. Pedro I e D. Inês de Castro, qual a ligação a Serra D’El-Rei?
JA: Pode dizer-se que a passagem de Pedro e Inês por Serra D’El-Rei marcou o período mais feliz da sua história de amor.
D. Pedro I passava temporadas com a corte em Serra da Pescaria, atual Serra D’El-Rei, para longas caçadas. A realeza dedicava-se a várias atividades prazerosas na região, como a pesca no rio de S. Domingos ou os passeios pelas Cesaredas.
Os encontros entre Pedro e Inês eram frequentes e escapavam, durante algum tempo, à vigilância e à fúria de D. Afonso IV. Deste modo, D. Pedro I recorria a inúmeras artimanhas para evitar os olhares indiscretos do pai e dos seus espiões. Quando o rei descobriu as fugas do príncipe, proibiu-o de voltar a ver Inês de Castro — ordem que o jovem nunca acatou.
Foi em Serra D’El-Rei que foram felizes antes da tragédia que, para uns, reforçou a fama de justiceiro de D. Pedro I e, para outros, evidenciou a sua crueldade, ao fazer justiça pelas próprias mãos.
JC: Quais os principais atrativos da segunda edição da Feira Medieval?
JA: Desde logo, a contínua valorização da história de amor única de Pedro e Inês.
Do programa preparado para os três dias (em 2024 foram apenas dois), destaco os acampamentos temáticos, profissões da época, falcoaria e répteis, tiro com arco medieval, jogos tradicionais, música medieval, teatro, danças da época, espetáculos de fogo, voo de aves, combates e torneios com cavaleiros, tasquinhas, animação de rua e, no domingo, pelas 15 horas, o grande desfile entre o Fórum da Serra e o Paço D. Pedro, aberto à participação de todos.
Um programa ambicioso para os dias 4, 5 e 6 de julho de 2025.
JC: Como foi a preparação do evento?
JA: Trata-se de um evento “mágico” redesenhando novamente a época de D. Pedro I. A iniciativa foi preparada ao longo dos últimos meses entre a Junta de Freguesia e o nosso parceiro, a Associação Alius Vetus, com o envolvimento de várias associações locais, da população e de diversos patrocinadores.
O evento conta ainda com apoio técnico e humano da Câmara Municipal de Peniche.
A promoção e imagem da 2.ª Feira Medieval foram desenvolvidas pela própria Junta de Freguesia. Está também em curso a preparação logística da Feira, incluindo a limpeza do espaço e a decoração do recinto.
JC: Qual é o investimento realizado? Existem apoios?
JA: O investimento ronda os dezoito mil euros. Este valor será substancialmente reduzido com as receitas dos patrocinadores e das entradas pagas ao longo dos três dias.
Os residentes têm entrada gratuita. Para os milhares de visitantes, o valor é simbólico: 1,5€ por um dia ou 2,5€ pelos três dias. Sem dúvida, são preços acessíveis e amigos das famílias.
A Junta de Freguesia terá ainda disponível uma ampla oferta de merchandising, incluindo o já habitual doce regional “Amor Único”, que poderá ser adquirido e saboreado no evento.
JC: Quantos participantes são esperados e de onde vêm? E quanto aos visitantes?
JA: Ainda é cedo para avançar com números exatos antes do encerramento da Feira Medieval. No entanto, a adesão às pulseiras tem sido muito positiva, servindo de referência para uma participação de milhares de pessoas — locais, nacionais e estrangeiras.
Importa referir que a região conta com grande afluência nas suas praias e zonas turísticas nesta época do ano, o que irá certamente contribuir para o sucesso do evento.
JC: Haverá fatos medievais disponíveis para os visitantes? Como podem aceder a eles?
JA: A organização vai disponibilizar gratuitamente 200 trajes da época, para os visitantes mais interessados. A entrega já começou no Fórum da Serra/Junta de Freguesia.
JC: Como funcionam as entradas, quais os horários e onde se realiza o evento? Há estacionamento?
JA: As entradas podem ser adquiridas até às 17h00 do dia 4 de julho no Fórum da Serra e, a partir das 17h45, na bilheteira junto ao Paço D. Pedro I.
Os horários da Feira Medieval são: Sexta-feira: 18h30 às 23h00; Sábado: 12h00 às 00h00; Domingo: 12h00 às 23h00.
O estacionamento poderá ser feito nas ruas da vila, bem como nas zonas envolventes da Serrana e do Mercado da Vila.
JC: A Serra D’El-Rei é vila há 22 anos. Este estatuto tem beneficiado a localidade? Como tem evoluído desde que deixou de ser aldeia?
JA: É uma pergunta muito interessante e a resposta é clara: foi o momento mais importante da história recente da nossa terra!
A elevação de Serra D’El-Rei à categoria de vila, a 1 de julho de 2003 — um processo que tive a honra de coordenar, juntamente com António Vitória e Fernanda Correia —, é um marco “gravado a ouro” na história da freguesia.
Ao longo destes 22 anos, destaco importantes obras e realizações que permitiram dotar Serra D’El-Rei de infraestruturas e equipamentos públicos de referência: Fórum da Serra com Sala Multiusos, biblioteca, CTT e área administrativa; polidesportivo sintético; edifício do Museu D. Pedro I; Espaço Cidadão; pórticos temáticos; lettering 3D; novo mercado; alargamento do cemitério; construção de fonte na EN114; placas toponímicas; parque infantil; espaços verdes; Parque Urbano; Parque de Merendas; monumento aos trabalhadores da indústria cerâmica; campo de padel; construção de passeios.
Destaco ainda iniciativas como os Passeios Seniores, a Feira Medieval, a Mostra Internacional de Renda de Bilros, as Comemorações do 25 de Abril com ampla oferta cultural e desportiva, a criação de bolsas de estudo para jovens da freguesia a frequentar o ensino superior, apoios à natalidade aos habitantes na freguesia e o maior apoio de sempre à Serrana-ADCR para o novo relvado sintético e melhoria das suas instalações desportivas.
Estas e muitas outras intervenções confirmam que a elevação a vila foi decisiva para uma maior capacidade económica e um verdadeiro mar de crescimento e desenvolvimento.
0 Comentários