De acordo com a lenda, de modo a salvar as termas das Caldas, a Rainha Dona Leonor abdicou de todo o seu ouro. Foram as suas aias que, ao verem a rainha sem o seu brilho habitual, bordaram o manto da monarca com fios dourados e foi assim que supostamente nasceram os bordados das Caldas. A verdade é que esta história não é confirmada por historiadores, mas, o que é certo, é que esta é uma forma de artesanato caldense com muito passado.
O desfile de Bordados das Caldas da Rainha foi uma maneira de celebrar não só este artesanato, que muitas vezes fica em segundo plano perante a cerâmica, como também a Associação Bordado das Caldas da Rainha, que tem ajudado a manter a tradição viva e que ficou encarregue de produzir as peças que os modelos utilizaram.
Os modelos selecionados foram cidadãos cuja profissão não é a passarela, mas isso não os impediu de desempenhar o seu trabalho perante a plateia. Foram 20 modelos, com idades entre os 12 e os 72 anos, que desfilaram vestidos, coletes, gravatas, camisas, saias e mais, todas essas peças com o toque dourado e os motivos associados ao bordado das Caldas.
Alguns pontos altos do desfile foram o vestido de noiva, que demorou mais 600 horas a ser produzido e a presença da Rainha Dona Leonor, reencarnada de modo majestoso através de uma modelo que vestiu um fato e manto de rainha que, em conjunto, demoraram mais de 1470 horas a serem produzidos.
Tudo isto foi trabalho das bordadeiras da Associação Bordado das Caldas da Rainha. Estas produziram, para o desfile, ao longo de vários meses, peças que deram desde 19 a mais de 1500 horas de trabalho. Ana Pereira, presidente desta associação, explicou, em palco, que estas foram “aplicações modernizadas” deste clássico método artesanal. Ana Pereira presenteou também a Câmara das Caldas da Rainha com uma moldura de bordado feita por Rosa José, bordadeira que subiu igualmente ao palco para explicar algumas das peças. Vitor Marques, presidente da Câmara, encarregou-se de receber essa oferta.
O autarca diz que este foi um evento importante para “fazer jus à nossa rainha” e “dar palco à Associação dos Bordados”, de modo a “dignificar aquilo que é a nossa tradição”.
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